Três meses após ser afastado da Igreja -
sob suspeita de ter engravidado três fiéis -, o padre mais famoso e carismático
de Belém reapareceu em fotos românticas, com direito a beijo na boca e buquê de
flores. O novo episódio envolvendo o padre Geffison veio à tona na noite desta
segunda-feira (25), quando três fotos do religioso ao lado de uma mulher
surgiram num grupo de WhatsApp. A Basílica de Nazaré, onde Geffison trabalhava,
não negou e nem confirmou que o padre tenha largado a batina.
Será que a igreja perderá um excelente
padre por causa de seu dogma? Perderá por amar uma mulher?
O celibato sacerdotal na Igreja Católica
foi instituído no ano 451 no concilio de
Calcedônia, onde se proibiu o casamento de monges e virgens consagradas (XVI
cânon), impondo por isso o celibato ao clero regular. — portanto, a Igreja viveu quase quatro
séculos sem ele.
Como diria Padre Vieira, “pelo costume,
quase se não sente”. Adiante: o celibato é matéria apenas de interpretação,
nada mais.
Quando se ler a Bíblia é claro observar que
São Pedro tinha sogra. Sei que é obviamente claro e lógico, mas é de supor que
tinha ou teve uma mulher: “E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra
deste acamada, e com febre. E tocou-lhe na mäo, e a febre a deixou; e
levantou-se, e serviu-os”. Está em Mateus, 8:14-15.
Na Primeira Epístola a Timóteo, ninguém
menos que São Paulo recomenda:
“Esta é uma palavra fiel: se alguém
deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar. Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe
ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento” (I Tim, 3:1-3).
Os defensores radicais do celibato
pretendem dar a estas palavras um sentido diverso. Desculpem. Trata-se de
forçar a barra. Na sequência, São Paulo não deixa a menor dúvida: “Que governe
bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia.
Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja
de Deus?)” (I Tim, 3:4-5). Não quero ser ligeiro. Sei bem que há outras
passagens que endossam o celibato. Mas fica claro que se trata de uma questão de
escolha, sim, não de fundamento; trata-se de uma questão puramente histórica,
não de revelação.
O celibato pode ter sido útil em tempos
bem mais difíceis da Igreja. A dedicação exclusiva à vida eclesiástica pode ter
feito um grande bem à instituição. Mas é evidente que se tornou um malefício,
um perigo mesmo, fonte permanente de desmoralização. A razão é mais do que
óbvia. A maioria dos padres, é possível, vive o celibato e leva a sério o seu
compromisso.
0 comentários:
Postar um comentário