As indulgências eram
documentos que, quando comprados, concediam perdão pelos pecados, tanto para
vivos, quanto para parentes já mortos. A igreja Romana reagiu duramente a esse
ato de Lutero, mas iniciava-se ali o movimento da Reforma Protestante. Lutero
foi excomungado e perseguido pela Igreja Católica, mas contou com o apoio do
povo alemão. A verdade da justificação pela fé estava apenas começando a
percorrer a Europa. Sucederam a Lutero outros grandes reformadores, com João
Calvino, Melanchton, Zwínglio e Knox. João Calvino pode ser considerado o
grande sistematizador da teologia da Reforma com a sua obra: “As institutas da
Religião Cristã”.
Lutero representou um marco
para a recuperação da sã doutrina para os protestantes. As reformas registram o
início da teologia que produziu a reforma na filosofia Cristã. Embora ainda
fizessem referência a resíduos do romanismo tais como: o purgatório, o papado,
os santos e Maria como mãe de Deus, sem contestá-los a princípio, percebemos,
já nesse momento, as formulações embrionárias das doutrinas que vão
caracterizar a identidade protestante. A reforma também trouxe liberdade de
expressão, pois proporcionou rompimento a livre interpretação da bíblia sem interferência
da igreja católica. A reforma não aconteceu com Lutero, ele apenas foi o
estopim histórico, muitos teólogos e filósofos cristão da época já interpretavam
a bíblia de forma contraria ao dogma da Igreja.
“As igrejas em sua maioria
perderam a essência do verdadeiro evangelho, hoje com a influencia da teologia
da libertação e da prosperidade os evangélicos perderam sua identidade, hoje as
igrejas são igual a clubes, muitas festas gospel, onde pregadores cobram de 5
mil e 15 mil reais pra ministrar a “palavra de Deus” não muito diferente das indulgências
praticadas no período medieval pelo catolicismo, muitos evangélicos nem sabem o
que foi a Reforma Protestante e nem sabem quem foi Lutero, em muitas igrejas evangélicas
já não se ouve sermão bíblico, mas palavras de autoestima, há muita fé, mas não
há obras, pois a fé sem obras é morta”. Afirma o Filosofo e Teólogo de Cametá, professor
Pedro Chaves. O filosofo diz também que o interesse pela Reforma não é o de um
antiquário, mas sim o de verificar a identidade, o significado e a relevância
da mesma para nossos dias, com o propósito de receber inspiração da fé ali
vivenciada. O que Karl Marx teria percebido para declarar algo como “Lutero
venceu a servidão pela devoção, porque ele substituiu a última pela convicção.
Ele quebrou a fé na autoridade, por que restaurou a autoridade da fé”?
Podemos
resumir a mensagem da Reforma a alguns postulados:
1.
A autoridade das Escrituras –
Sutilmente, durante o período medieval, as tradições tornaram-se o fator
fundamental para determinar os conteúdos da fé e da moral. Um monte de entulho
asfixiou a mensagem bíblica. A Reforma resgatou e restabeleceu a Escritura como
fonte suprema e final quanto ao conhecimento de Deus e da sua vontade, para o
indivíduo e para a igreja.
2.
Justificação pela graça mediante a fé – Contestando a compreensão romanista
de salvação por mérito pelas obras, que tinha como símbolo distintivo a venda
de indulgências (compra do perdão) a Reforma resgatou o ensino bíblico de que a
salvação (perdão, aceitação diante de Deus e santificação) é concedida
gratuitamente por Deus àqueles que confiam em Jesus como seu salvador. A
salvação não pode ser comprada, mas procede da misericórdia de Deus para com o
pecador que se volta para a cruz de Jesus.
3.
A centralidade de Cristo – A
igreja romana enalteceu o papa como cabeça da igreja e representante terreno da
esfera celestial. Também Maria e os santos eram mediadores e intercessores
junto a Deus. A reforma acentua que Cristo é o único mediador entre Deus e os
homens. Só ele tem poder para efetivamente perdoar pecados. A sua obra na cruz
é suficiente e exclusiva para a nossa salvação. É Ele que intercede junto a
Deus, como advogado, por aqueles que Nele confiam.
4.
Sacerdócio de todos os crentes – Contrastando com o ensino de que
somente a hierarquia da igreja (o clero) constitui o sacerdócio autorizado para
representar a Deus diante dos homens e vice-versa, a Reforma ensina o
sacerdócio universal, isto é, que todos podem comparecer diante de Deus,
estudar a sua palavra e ser agentes a seu serviço. A Reforma, conquanto
reconheça vocações eclesiais específicas, afirma que todo o povo de Deus é
igreja, uma igreja onde todos são chamados a servir a Deus.
Com
essas e outras afirmações, os reformadores conseguiram minimizar o
distanciamento da igreja medieval do modelo observado no Novo Testamento.
Conquanto a obra da reforma não tenha sido completa – e os descendentes
espirituais da reforma compreendam que a igreja reformada está constantemente
se avaliando à luz do padrão bíblico – a Reforma continua sendo um marco para
uma genuína identidade evangélica, em meio ao conturbado contexto religioso
contemporâneo.
Essas
doutrinas provocaram uma enorme transformação social porque, na verdade, foram à
plataforma para a libertação pessoal diante de Deus.
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