domingo, 5 de abril de 2015

Protestos de abril serão teste para impeachment.


Rogério Jordão



As oposições que incentivam o impeachment certamente perceberam a oportunidade e pretendem explorá-la. Nestes termos, os protestos marcados para 12 de abril  (e antes destes, as manifestações simpáticas ao governo, repetindo o que rolou em março) serão um termômetro importante. Para a oposição favorável ao afastamento de Dilma, trata-se de, sem tomar a frente dos movimentos (lembrando que é grande a rejeição a todos os partidos políticos), fazer com que as pautas das ruas fiquem cada vez mais especificas.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo com o público que foi à Avenida Paulista no dia 15 de março mostrou que 56% estavam lá contra a corrupção e 32% por conta do impeachment. Boa parte da oposição torce para que este número se inverta: que as pessoas saiam às ruas sobretudo contra Dilma. Até porque, registre-se, a corrupção com as múltiplas “operações” e CPIs cotidianamente nas TVs, vai se tornando um tema do tamanho do universo, capaz de desagradar a gregos e troianos.
Para quem observa os bastidores midiáticos da crise, já é possível perceber a preparação de terreno para as jornadas de abril, com procuradores e juízes vindo a público expressar opiniões mais amplas sobre os problemas nacionais e da vida em sociedade. A última prisão de efeito na Lava Jato aconteceu justamente um dia depois das manifestações de 15 de março. O que virá até 12 de abril? Vai se criando, assim, um caldo de cultura política-midiática que ao governo certamente preocupa, pois dela perdeu a narrativa.
Se o enredo do impeachment vai colar e se vai até o fim ou não, é outra história. É sempre bom lembrar que às forças políticas não basta articular o impeachment, mas principalmente o que virá depois dele. Quem vai querer sentar no trono para comandar o ajuste econômico? Por enquanto, a pescaria se dá em águas turvas. Ademais, ter Dilma como Rainha da Inglaterra e o PMDB + Centrão comandando uma autêntica agenda conservadora pode ser uma solução que agrade a muita gente até 2018.

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